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terça-feira, 28 de setembro de 2010

APRENDENDO COM AS ÁGUIAS


... A águia empurra gentilmente seus filhotes para a beirada do ninho. Seu coração maternal se acelera com as emoções conflitantes, ao mesmo tempo em que ela sente a resistência dos filhotes aos seus persistentes cutucões: “Por que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair?”, ela pensou. Esta questão secular ainda não estava respondida para ela... Como manda a tradição da espécie, o ninho estava localizado bem no alto de um pico rochoso, nas fendas protetoras de um dos lados dessa rocha. Abaixo dele, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhotes. “E se justamente agora isso não funcionar?”, ela pensou. Apesar do medo, a águia sabia que aquele era o momento. Sua missão maternal estava prestes a se completar. Restava ainda uma tarefa final... o empurrão. A águia tomou-se de coragem que vinha de sua sabedoria interior. Enquanto os filhotes não descobrirem suas asas, não haverá propósito para sua vida. Enquanto eles não aprenderem a voar, não compreenderão o privilégio que é nascer uma águia. O empurrão era o maior presente que ela podia oferecer-lhes. Era seu supremo ato de amor. E então, um a um, ela os precipitou para o abismo... e eles voaram!
Às vezes durante a nossa estada na terra como viajantes, intercambiamos papéis ora como pais ora como filhos, protetores e protegidos, e nos deparamos com situações idênticas as das águias. As águias são mais objetivas porque agem em harmonia com a natureza, enquanto nós os humanos, agimos na maioria das vezes em conformidade com os hábitos adquiridos por imposição dos nossos pares. Contaminados por crenças e valores culturais mascarados de ética e sentimentos difusos. Chamamos essas atitudes de amor sem mesmo avaliarmos o que é melhor para o outro. Temos uma tendência ancestral de protegermos os que nos são caros, com o desculpismo de serem eles da nossa responsabilidade. Efetivamente, cometemos muitos enganos e na maioria das ocasiões, irreversíveis. Basta um olhar mais atento em torno de nós que, rapidamente, visualizaremos as conseqüências oriundas desse gesto de amor equivocado, no comportamento da juventude hodierna. Todos nós somos responsáveis pelos desajustes da nossa sociedade. Cada qual com sua parcela de contribuição acreditando sempre estar fazendo o melhor. Ouvimos diuturnamente frases do tipo: “quero dar para os meus filhos tudo aquilo que não tive, ou, não pude ter”, para mais adiante dizer outra frase não menos conhecida do vernáculo popular: “os filhos são todos ingratos, não são capazes de agradecer o que fizemos por eles”. Deveríamos refletir um pouco mais sobre a sabedoria interna das águias e os possíveis equívocos que cometemos pela não observância das leis da natureza , e admitirmos que enquanto pensarmos e agirmos com orgulho e egoísmo, estaremos fadados a deixar de herança os costumes que aqui encontramos. Até quando vamos alimentar nosso medo de cair? Estaremos esperando a mãe águia num supremo gesto de amor, para nos precipitar do penhasco nos momentos de decisões, para descobrirmos que sabemos voar?

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