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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O ENTOJO e o ENTORNO (NINO Bellieny)



O Campista da Pelinca não é melhor do que o Campista da Baixada
O Campista dos belos condomínios não tem sangue azul
Nem vai viver para sempre.
Não é o rei da planície por morar num apartamento de luxo
Nem é mais inteligente por frequentar bares sofisticados
Onde costumam ficar dependurados cheques planadores

O Campista branco não é mais puro do que o Campista negro
E o suor e o sangue deste último regou as terras sedentas e seus canaviais.
Até que outras folhinhas caíssem dos calendários
E dinheiro, não mais escolhesse mãos nem raças.

O Campista de Hilux não é mais importante do que o carroceiro
O ciclista apressado cortando a Formosa e a Beira-Valão
Doido pra chegar aos braços da morena amada depois de um dia
Longamente cheio de dívidas, dúvidas e gente esnobe
Que o trata como se fosse invisível.

As butiques mais badaladas não são melhores que as lojas do Centro.
Nas primeiras, costuma-se ser bem atendido quem chegue bem vestido
Nas segundas, não importa a aparência. Importa a educação.
O povo do Mercado Municipal tem fibra, força e dignidade
Levanta-se antes do sol enquanto muitos pretensos ricos vão acordar as 3 da tarde.

O Campista do Morro do Coco, de Santa Maria, de Santo Eduardo, de Vila Nova
Estuda, trabalha, trabalha, estuda, paga as contas e honra a roupa que veste.

O Campista só precisa aprender a se amar de verdade
Respeitar para ser respeitado com igualdade
E não viver de aparências frustradas, amizades interesseiras,
Parar de pensar-se carioca e ter orgulho de ser o que é
E nunca deixará de ser, mesmo que vá morar em Marte.

E esquecer os comentários infelizes em redes sociais, encontros antissociais, festas onde todos fazem pose no eterno treino para a morte que é a vida.

Ainda bem que são poucos os que preferem o deslumbramento e o esnobismo,
O deboche e o escárnio contra as próprias origens.
De baixa estatura espiritual e intelectual, mesmo em minoria, sugam a força dos que constroem. Causam alarde e indignação com as suas caras e bocas murchas.
Se acham ainda no alto dos alpendres, no topo das escadas, olhando
A vasta plantação cheia de vazios e sonhos do passado.

Aristocracia feita de areia e levada por ventanias.
As mesmas ventanias que varrem a planície há milhares de anos.
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